No dia vinte e quatro de Fevereiro do ano 2001 pelas vinte horas, uma mulher que não me conhecia de lado algum, teve a amabilidade de me receber em sua casa, de me por à vontade, de me tratar como uma velha amiga. Ela teve em mim o efeito que nenhuma outra mulher foi capaz de estimular para além de minha mãe. O calor materno que senti e que nesse final de semana me fez perceber a falta que minha mãe me faz…
Deus, do que eu me apercebi depois do dia vinte e quatro de Fevereiro pelas vinte horas, quando um simples gesto me fez chorar noite dentro, num quarto que não era o meu, num mundo que também ele não me pertence. Um gesto, um simples gesto que eu amei, um pequeno postal com um nome, o meu nome…
Coincidência ou não, mas foi exactamente nesse fim de semana de Carnaval que me desmascarei e descobri que essa mulher forte por quem me julgava, é na verdade uma simples menina, uma menina que a vida obrigou a tornar-se mulher demasiado cedo, que a coragem com que ela enfrenta o mundo é na verdade um acto teatral. Pois o que é a coragem se não o acto de ter medo sem que ninguém perceba?!
E foi necessário chorar numa despedida por uma mulher que não conhecia de lado algum, para acordar e ter noção de tudo isto, noção que também eu sou humana. Agora, aqui sentada no comboio de volta a Lisboa, de volta à crua realidade, à dura essência da minha existência, eu posso dizer que me conheço melhor que nunca, que só agora me entendo até ao infinito do meu ser.
Coincidência ou não, é também no último dia de Carnaval que volto a retomar a minha mascara, voltar a representar “coragem”.
Mas uma coisa em mim mudou para sempre desde aquele dia vinte e quatro de Fevereiro do ano de 2001 pelas vinte horas, que foi o dia em que uma mulher que não me conhecia de lado algum, abriu-me a porta de sua casa e ensinou-me com um gesto, um simples gesto, um pequeno postal com um nome, o meu nome, que não é necessário o conhecimento para existir a amizade. Se eu tinha qualquer duvida volto agora para Lisboa, volto para a crua realidade, para a dura essência da minha existência, com a minha alma mais nobre, pois essa mulher que agora me orgulho em dizer “conheço”, fez-me ver que a felicidade está no entendimento. Agora sei que sou feliz, pois eu amo e não amo só por amar…
25 07 2001
Sónia Lopes
Sem comentários:
Enviar um comentário